Quem já “viveu em função” do cabelo?

Nossa aparência nos empodera, nos liberta ou nos aprisiona?

A cantora Aline Wirley fez o que muitos consideram uma loucura: cortou a zero os cachos que eram sua marca registrada.

Casada com o ator Igor Rickli, mãe do “bebê caramelo” Antônio, Aline já foi alvo de reportagens sobre como concilia a vida de mãe, esposa e artista. A família é Embaixadora do projeto Aldeias Infantis SOS Brasil e o que a gente repara nas reportagens atuais, assim como nas antigas, do tempo do grupo Rouge, é que ela não tem medo de mudar.

Mesmo assim, puxa, como ela sofreu cobranças por ter mudado radicalmente o cabelo.

“Sobre o cabelo” . Muitas pessoas me perguntam .. Pq vc cortou o cabelo?! Era tão lindo!!! Te deixava tão feminina!! Sim, aquele cabelo era lindo, eu amava o poder que ele me dava, o glamour, o jeito como ele torneava meu rosto… no entanto no auge dos meus 35 anos, percebi que quanto mais o cabelo aumentava, menos eu me via. Usei aplique a vida inteira!!! Loiros, lisos, cacheados, ruivos, curtos e acho o máximo a possibilidade de estar cada hora de um jeito, acho o máximo ter a possibilidade de mudar, de transitar, de experimentar… mas no fundo, já não sabia mais quem era eu… não me conhecia sem aquele cabelo, não me permitia me olhar sem aquele cabelo, não conhecia meu rosto, minha cabeça, não me olhava sem aquele cabelo. Sempre tive uma visão distorcida e deturpada com relação ao meu cabelo principalmente por ser uma mulher negra.. E no fundo tudo isso me enfraquecia, me distanciava de mim, e da potência feminina que eu sou. Precisei arrancar tudo e ter coragem de me encarar, pra entender que o que me potencializa não é o meu cabelo e sim o que move por dentro… por isso essa transformação tão radical e profunda. Foi difícil, tive medo, chorei muito tirando os cabelos, me senti indefesa, vulnerável, frágil. Mas qdo me vi, e olhei pra essa Aline desnuda, sem ter ao que se apegar, sem ter como se esconder, me conectei com a força feminina em outras camadas, de forma um pouco mais consciente, interna e profunda. Uma energia que me enche de confiança, força e clareza de quem sou e pra onde posso e quero ir. Me amei profundamente, me aceitei!!! Hoje assim me sinto tão livre, tão linda, tão feminina, tão mulher, tão mulher negra, tão eu, pq sei que a minha beleza não está em parecer, mas em Ser!

Sam Shiraishi

Quarentona assumida, me sinto uma representante legítima da minha geração e, por que não, um modelo para as mais jovens que desejam envelhecer sem deixar de lado os pequenos prazeres da vida, da comida, da diversão, dos cuidados com a saúde e a beleza, das relações pessoais que fazem tudo valer a pena. Um breve resumo: jornalista, netweaver na otagai.com.br, blogueira no @avidaquer @maecomfilhos @cosmethica.

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