Anatomia dos Cosméticos: Óleo Vegetal, Essencial e Mineral

Existe uma grande variedade de óleos disponível no mercado, e observando nos fóruns pelas redes sociais sempre aparecem dúvidas do tipo: O que determina que um óleo é vegetal ou essencial se são derivados de plantas? O óleo mineral é realmente tão prejudicial para a pele e cabelos?

Por isso reunimos as definições de cada um para facilitar a identificação

Óleos vegetais

São os óleos extraídos das partes que concentram maior quantidade de óleo na planta, pode ser retirada das sementes, dos grãos, das amêndoas e das polpas. A composição graxa presente na espécie que determina sua aplicação.  À temperatura ambiente, a maioria desses óleos são líquidos, há exceções como as manteigas e o óleo de coco que se solidifica a 20ºC.

Óleo Cru

A prensagem a frio é um método de extração em que são esmagadas as partes oleoaginosas da espécie e o produto final é não possuí alterações físico-químicas, pode-se dizer que é a forma mais crua do óleo presente disponível. Esse processo é muito utilizado em locais mais distantes ou quando se busca um produto mais aproximado do natural. Entretanto os óleos vegetais crus são mais instáveis e com características muito marcantes como cor, odor e sabor, por isso algumas espécies necessitam de passar pelo processo de refino para que seja possível seu consumo, principalmente se seu uso for culinário.

Óleo Refinado

O refino dos óleos vegetais consistem normalmente de três operações principais: neutralização, clarificação e desodorização.

Neutralização

É o processo de remoção de ácidos graxos livres e outros componentes (proteínas, ácidos oxidados, produtos de decomposição de glicerídeos), através da adição de solução aquosa de álcalis, como hidróxido de sódio ou carbonato de sódio, que resulta na saponificação dos óleos.

Clarificação

É o tratamento que visa tornar o óleo mais claro através do uso de adsorventes, como terras clarificantes, ativadas e naturais, misturadas às vezes com carvão ativado. Para aumentar a eficiência dos adsorventes, o óleo neutro e lavado.

Desodorização

É a última etapa do refino e objetiva a remoção de sabores e odores indesejáveis. As principais substâncias removidas são: aldeídos, cetonas, ácidos graxos oxidados, produtos de decomposição de proteínas, carotenóides e esteróis, formados durante o armazenamento e processamento; hidrocarbonetos insaturados e ácidos graxos de cadeia curta e média, naturalmente presentes nos óleos; ácidos graxos livres e peróxidos.

Óleo Cru ou Refinado qual é o melhor?

Depende muito da finalidade. O óleo cru possuí as características originais da planta enquanto o refinado foram tiradas cor, odor e outros componentes originais, pois mesmo sendo mais puro o óleo cru tem impurezas que podem comprometer a qualidade do produto a curto médio prazo, como rancificação, oxidação e interferência com outros componentes dos cosméticos.

Óleo essencial

Um óleo essencial é extraído da casca, flores, folhas, raízes, caules ou outras partes de uma planta, geralmente através da destilação a vapor. Como o nome indica é essência contida na planta. Por isso, o líquido resultante é altamente concentrado.

Apesar de ser denominado como óleo, suas caraterísticas físicas são muito diferentes de um óleo vegetal. Eles geralmente são transparentes ou, em alguns casos, amarelo ou âmbar, além de possuirem um odor muito mais marcante.

Os óleos essenciais são utilizados na aromaterapia devido aos seus benefícios terapêuticos. Devido a potência e custo, eles devem ser usados ​​com cuidado em pequenas quantidades, por isso recomenda-se que ele seja diluído com outro líquido, de preferência um óleo carreador como um óleo vegetal. Aplicado diretamente na pele, o óleo essencial pode irritar a pele ou causar dano como fototoxicidade.  Normalmente, algumas gotas de um óleo essencial são suficientes para obter os resultados desejados.

No entanto, tenha em mente que nem todos os óleos essenciais podem ser misturados. Na verdade, pode haver algumas combinações perigosas, por isso antes de aplicar pesquise bastante e se possível converse com um especialista em aromaterapia.

Atenção: Óleos essenciais podem ser tóxicos para animais domésticos e para as gestantes a recomendação é SEMPRE verificar com o seu médico se não há contra-indicações.

Óleo mineral

 

O óleo mineral está presente em produtos cosméticos a mais de 100 anos, por ser um excelente lubrificante, leve e não gorduroso. No entanto, nos últimos anos ele tem caído em desuso, por uma variedade de motivos, entre eles, preocupações com a segurança. Ultimamente os derivados de petróleo estão sendo vítimas do marketing negativo, são produtos baratos, que não é necessariamente vantajoso para empresas que gastam tempo e dinheiro desenvolvendo novos materiais para cuidados capilares. Vamos dar uma olhada em óleo mineral e ver o que ele é, de onde vem, e o que ele faz para o cabelo, para que possamos tomar decisões sem a influência de agendas de marketing.

O que é óleo mineral

O óleo mineral é um hidrocarboneto de diferentes pesos moleculares derivados do processo de craqueamento de petróleo. Sua composição é muito simples tem somente carbonos (C)  e hidrogênio (H2). Não há outros elementos químicos presentes no óleo mineral. A estrutura molecular é CnH2n+2 muito simples, extremamente estável e não reativa.

Craqueamento de petróleo, o petróleo cru é uma enorme sopa orgânica, contém muitas moléculas de carbono com diferentes pesos moleculares. O processo de craqueamento de petróleo quebra de moléculas longas de hidrocarbonetos de elevada massa molar para moléculas menores tais como: octano, que são altamente desejáveis ​​como combustível. Outros componentes, moléculas maiores tais como: óleo mineral, cera de parafina, e geleia de petróleo, são subprodutos do processo de craqueamento e são separados por destilação.

Mitos sobre o óleo mineral

1. O óleo mineral é carcinogênico.

Embora seja verdade que alguns derivados de petróleo contenham materiais carcinogénicos (como alguns compostos aromáticos policíclicos), o óleo mineral utilizado na indústria cosmética e farmacêutica é altamente refinado e purificado. Não existe nenhum relatório ou evidência que óleo mineral grau cosmético cause câncer.

2. Óleo mineral seca a pele e provoca o envelhecimento precoce.

O óleo mineral funciona como uma barreira entre a pele e o ar. Ele atua como um agente oclusivo que impede que água deixe seu corpo naturalmente através de sua pele. Ele não vai secar a pele ou causar o envelhecimento prematuro. Muito pelo contrário, ele irá fornecer a hidratação.

3. O óleo mineral causa acne.

Por ser oclusivo, em algumas pessoas, o óleo mineral pode agravar problemas de acne.

4. Por ser sintético é ruim.

Muitas pessoas associam que um produto 100% natural é automaticamente bom, principalmente quando se trata de cosméticos. O veneno de cobra é natural. Cianeto é natural. O urânio natural é. Essa visão de que tudo que é natural é bom e tudo que é sintético é ruim deve ser repensada. Como tudo na vida tudo tem seu lado bom e ruim, inclusive nos cosméticos.

Óleo Mineral nos Cabelos

Antes de mais nada, o objetivo desse post não é defender o óleo mineral, ou é uma matéria paga da indústria petrolífera (mesmo porque se existe um bicho papão do ecossistema são as petrolíferas, mas mesmo assim TODOS NÓS dependemos dele), mas sim levantar os pontos porque esse item está tão vilanizado ultimamente.

O óleo mineral é um bom lubrificante, e, assim, tem um bom desempenho como um desembaraço. Ele se deposita na superfície de fios de cabelo e formando um filme, que mascara as irregularidades na estrutura da cutícula, o que lhe confere brilho e suavização aos fios. Ele diminui significativamente a tração na hora de pentear e pode ajudar a evitar a ruptura. O filme formado por óleo mineral no cabelo é oclusivo, que significa que impede a passagem de água para o córtex dos cabelos. Ele atua como uma barreira protetora que ajuda na retenção de umidade, impedindo a difusão de água a partir do interior do cabelo para o ambiente em condições secas, e também ajuda a minimizar frisado, impedindo a penetração de umidade no cabelo.

O óleo mineral é completamente hidrofico (repele água), e é facilmente removido com lavagem convencional dos cabelos, porém, e não necessita de tensoativos agressivos.  Shampoos com baixo poo retiram completamente o óleo mineral dos fios.

A utilização ou não de óleos minerais nos cabelos é mais ideológica, pois trata-se de um material inerte, agora se a pessoa busca outros benefícios além de lubrificação o ideal é utilizar óleo vegetais com as suas propriedades específicas.

 

 

Christina Santos

Desde criança sou apaixonada por cosméticos, a brincadeira se tornou algo sério, minha carreira profissional sempre foi dedicada para pesquisa e desenvolvimento de produtos cosméticos. Todo ano aparecem novidades e novas aplicações e sempre busco descobrir algo novo para passar a informação de maneira descomplicada e de fácil compreensão.

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