Mania de arrancar os cabelos é doença

A cena é comum e você mesma deve ter feito isso: está à toa e começa a cutucar o cabelo e puxar os fios. Arranca, dói um pouco, mas acaba sendo um passatempo.

O que parece uma bobagem pode se agravar e se tornar um distúrbio psíquico.

A Tricotilomania é um distúrbio psíquico cuja principal característica é uma compulsão incontrolável por arrancar os fios de cabelo.

A mania pode ser tão grave que muitas vezes isso acaba levando os pacientes para áreas de calvície.

Há tratamento? Sim, como explica o psiquiatra Hewdy Lobo Ribeiro, membro do IPq – USP, a primeira medida é a ingestão de medicamento prescrito por psiquiatra. Além disso, o paciente deve submeter-se à psicoterapia, para que tenha conhecimento da origem do problema.

 

A psicóloga clínica Lizandra Arita explica que a Tricotilomania aparece frequentemente na adolescência, o que acaba facilitando o tratamento.

Há dois tipos da doença:

  1. a focada, quando o paciente tem mesmo a intenção de puxar os cabelos para controlar alguma experiência desagradável, isto é, para aliviar o estresse que vivencia no momento;
  2. a automática, na qual o paciente faz sem perceber que está fazendo, ou seja, de modo inconsciente.

O transtorno, que já foi considerado raro, hoje é muito comum. Ele é parecido com o transtorno obsessivo-compulsivo e com o transtorno do controle de impulsos, porque há um aumento da tensão antes de puxar o cabelo e alívio da tensão ou gratificação após tê-lo puxado. Suas causas não são tão aparentes.

“Não há uma causa específica. O distúrbio pode estar ligado a diversos fatores como situações de estresse, problemas de relacionamento, medos, perdas ou até mesmo depressão.”

Do ponto de vista físico, após sucessivas trações de uma mesma área do cabelo, a calvície se torna irreversível, principalmente quando o distúrbio psíquico chega à idade adulta.

O que fazer então?

Para estes casos, o médico Thiago Bianco, cirurgião de transplante capilar, indica as restaurações cirúrgicas. Mas ele alerta que os pacientes só devem fazer as restaurações dois anos após se verem livres da compulsão, com um laudo e liberação do tratamento psiquiátrico com medicamentos e psicoterapia.

As alternativas mais usuais são as técnicas de implante capilar como a FUT e a FUE.

A FUT (Follicular Unit Transplantation), mais tradicional, consiste na remoção de uma faixa de couro cabeludo, da região da nuca, que contenha os folículos pilosos. Estes folículos são transplantados às áreas de calvície e, na região onde a faixa foi retirada, fica uma cicatriz muito fina, que será coberta pelos fios de cabelo.

A FUE (Follicular Unit Extraction) é uma técnica conhecida como transplante sem cicatriz. Ao invés de retirar uma faixa de couro cabeludo da região da nuca, o cirurgião extrai as unidades uma por uma, selecionando as melhores. Tais técnicas são realizadas sob anestesia local, em centros cirúrgicos, e o paciente é liberado no mesmo dia.

E vale lembrar: todo tratamento deve ser realizado em conjunto com a psicoterapia. Com outros métodos comportamentais é possível induzir o autocontrole. Um dos exemplos é a reversão de um hábito, ou seja, criar uma nova ação que substitua o ato de arrancar os cabelos. Além do uso de hipnoterapia, que é muito eficaz para o tratamento.

Veja algumas dicas:

  • Monitore quando começa a puxar os cabelos. Considere quais situações fazem com que você recorra a isso. Você puxa os fios apenas quando está deprimido? Nervoso? Confuso? Frustrado? Entender o que desencadeia a ação pode ajudá-lo a encontrar modos positivos de lidar com ela.
  • Anote como se sente ao puxar o cabelo. Ao reconhecer os gatilhos, tente identificar o que pode estar reforçando o comportamento. Se você puxa os fios quando está ansioso e essa ação alivia a ansiedade, seu organismo a repetirá pois a associará a sensação de alívio. Note como se sente durante e imediatamente após puxar o cabelo.

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Sam Shiraishi

Quarentona assumida, me sinto uma representante legítima da minha geração e, por que não, um modelo para as mais jovens que desejam envelhecer sem deixar de lado os pequenos prazeres da vida, da comida, da diversão, dos cuidados com a saúde e a beleza, das relações pessoais que fazem tudo valer a pena. Um breve resumo: jornalista, netweaver na otagai.com.br, blogueira no @avidaquer @maecomfilhos @cosmethica.

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